SINOPSE
A lenda é, por excelência, o campo da invenção.
Entre o mito e o real, ela é a narrativa popular que tudo explica – mesmo o que não tem explicação.
Por ela, sabemos a vida deste santo, daquele rei, daqueloutro bandido ou de determinado étimo.
Dinâmica, e muitas vezes irreverente, justifica, igualmente, acontecimentos sobrenaturais, fundamenta eventos misteriosos, explica símbolos, memórias e recordações vertidas de geração em geração.
Enfim, é a cultura de um povo e as suas tradições que se narram.
Mentira? De todo! Preferimos fantasia, imaginação ou devaneio, até porque, algures, encontramos, sempre, um fundo de verdade.
E é em busca dessa verdade que este ano registamos quatro lendas:
Lenda dos Tripeiros (Porto)
“Meninos, têm aí o chapéu do Infante. A proposta que vos deixo é construir uma narrativa para a lenda dos tripeiros”. O
desafio é lançado no início do ensaio. O Infante discursa. O mistério desvendado. O feriado decretado. A frota está pronta. Ceuta espera-nos. Viva o sacanavenense. Os homens partem. E a carne
também. Ficam as mulheres. E as tripas. O quasi nosso cidadão leva tudo. Que fazer? Será que o Sérgio gostou?
Lenda de Gaya (Vila Nova de Gaia)
O escritor desdobra-se e improvisa. Afinal, a lenda é, por excelência, o campo da invenção. O herói é Ramiro. A heroína, Gaya. O emir de serviço é Alboçadam – Albazoar Alboçadam. Zahara parte corações! E Ortiga leva o camafeu à sua senhora. Ordonho fica a saber onde fica o Condado Portucalense No final, conclui-se que as nossas civilizações não são muito diferentes. Coisas de mouras encantadas, digo-vos eu.
Morte de O Lidador (Maia)
De Trastamires chega o fronteiro de Beja. Braço direito de D. Afonso, o Henriques, deseja celebrar o seu nonagésimo-quinto aniversário pelejando os sarracenos, mesmo sendo estes em número incontável. Ora, quem achar que são duros de mais os arneses dos infiéis pode ficar-se aqui. Pajens, arreiem o meu ginete murzelo, dai-me o lorigão de malha de ferro e a minha boa toledana. A cavalo! Avante e Santiago!
Santo Cristo de Bouças (Matosinhos)
Esta é a história de uma escultura esculpida lá longe – por um tal Nicodemus, estatuista de profissão –, que veio dar a águas de Bouças, onde um pescador a encontrou… sem um braço! Chamado à liça, D. Carpintas delira com massa; a mulher do pescador cita Pessoa; a sogra cita a gaita; os robertos aparecem; a muda fala, o diretor desespera… Com sua licença, senhor diretor, saia que o espetáculo tem de continuar!
E construímos um espetáculo que deambula entre a representação, o teatro de sombras, as marionetas, o desenho (pouco animado), a commedia dell'arte, música original à mistura. Ao vivo!
A proposta é comediante;
o convite é à boa disposição
e o desejo é que gostem, pelo menos um bocadinho.
FICHA TÉCNICA
COM UM FUNDO DE VERDADE
Autoria e encenação: Rogério Ribeiro
Dramaturgia: Rogério Ribeiro (Lenda dos Tripeiros, Lenda de Gaya e Santo Cristo de Bouças) e Alexandre Herculano (A Morte do Lidador, adpt.)
Interpretação: Anita Teixeira, Bruna Baltazar, Jorge Ramos, Letícia Pontes, Maria Inês Ribeiro, Maria Moura, Miguel Silva e Pedro Correia
Música ao vivo: Fernando Ribeiro e Paulo Gouson
Figurinos: Maria Almeida
Marionetas: Emanuel Marques
Máscaras: Emanuel Marques e Rogério Ribeiro
Carpintaria: Ademar Aires
Desenho de luzes: Pedro Carvalho
Filme "A Morte do Lidador" - O Fantocheiro
Canções: Fausto, Luís Cília (adpt), Fernando Ribeiro e corpo cénico de O Fantocheiro
Logística: Antónia Gonçalves
Agradecimentos: Daniela Pêgo, Sara Morão, Mafalda Costa, Luís Gigante, Francisco Braga, Diamantino Moura e à malta do Art'Imagem
APRESENTAÇÕES
Estreou a 28 de Março, Fórum da Maia
19 de julho, Associação Recreativa Aurora da Liberdade (Parceria com o Lar da Sant'Ana)
6 de setembro, Teatro da Vilarinha (Com o apoio do Teatro Pé-de-Vento). Porto.