«No Horizonte da Utopia» - a 14ª produção de O Fantocheiro - grupo de teatro resulta de um desafio lançado ao grupo no sentido da construção de um espetáculo único a partir de «Palavras para dizer» e de «Vejam Bem. Na sala há 5 meninas»

O ESPETÁCULO

Ó subalimentados do sonho!,

a poesia é para comer.

Natália Correia

Dois nomes marcam indelevelmente este espectáculo – Mário Viegas e José Afonso. O primeiro, talvez o maior dizedor português. Exemplar único na arte de bem dizer, pescador de pérolas faladas, reclamou para a palavra viva o seu estatuto emancipatório; o segundo, o cantautor mais genuíno da música portuguesa que, com a força das palavras e a melodia das suas cantigas, marcou toda uma geração de autores e é, ainda hoje, um nome incontornável pela obra, mas também pela forma como encarou e viveu a sua vida. Dois nomes maiores, cujo legado é demasiadamente importante para ser esquecido e que as novas gerações têm o direito, sublinhamos direito, de conhecer e explorar.

Portanto, neste espetáculo dizemos! Mas também dançamos! E cantamos! Ao vivo, em cena e sem rede, claro está! Nele, poesia e música entrelaçam-se, interpelam-se, num namoro que tem tanto de encantamento como de emancipação. Este é um espetáculo multidisciplinar que recorre à palavra, à expressão corporal, ao movimento dramático e, ainda, ao canto, fotografia e cinema de animação. As palavras são ditas de forma apelativa e determinam a cadência coreográfica das propostas musicais. As notas musicais, que também são palavras, respiram uma atmosfera utópica, mas por isso mesmo exigente. Estamos na cidade da utopia, na cidade sem muros nem ameias onde se ouve, ao longe, cantores que denunciam os vampiros, relembram os que tombaram pela liberdade e anunciam os rumores de um coro da primavera. Sim, estamos em Abril. Nesta cidade cabem todos os que vierem por bem, porque ela foi desenhada pelo poeta, o obreiro ou, se quiserem, o operário da palavra. Esse ser que é maior do que os homens, guardador de sentimentos e criador de emoções. Esse fingidor que é, afinal, o verso do seu próprio poema.

É por aqui que vamos, sabendo que no horizonte, a utopia não é um destino, mas uma direção. Ou, se quiserem, não é um lugar – é um sentido!

SINOPSE

Palavras não existem

fora da nossa voz

As palavras não assistem

palavras somos nós

Gastão Cruz

O espetáculo é composto por vários Quadros Cénicos – Poéticos (QP) e Coreográficos (QC) – e canções ao vivo:

Canção: “Balada de Outono” – José Afonso

1º QC: Adeus ó Serra da Lapa / Coro da Primavera – José Afonso

Canção: “A Formiga no Carreiro” – José Afonso

2º QP: PALAVRAS (texto construído a partir de vários poemas)

Canção: “Chegam Palavras” – Fernando Tordo

3º QC: Avenida de Angola / Que Amor Não Me Engana / Se Voaras Mais ao Perto – José Afonso

4º QP: CONTOS DO GIN-TÓNICO – Mário-Henrique Leiria

Canção: “Canção de Embalar” – José Afonso

5º QC: Vampiros / A Morte Saiu à Rua / Vejam Bem – José Afonso

6º QP: UTOPIA

Acordai! – José Gomes Ferreira | Homem, Abre os Olhos e Verás – Armindo Rodrigues | Lágrima de Preta – António Gedeão | As Mãos – Manuel Alegre | Kyrie – José Carlos Ary Dos Santos | Nasce Selvagem / Livre – Miguel Ângelo / Carlos Oliveira | Soneto Imperfeito da Caminhada Perfeita / Urgentemente – Sidónio Muralha / Eugénio De Andrade | Um Problema de Consciência / Não Posso Adiar o Amor – Álvaro Cunhal / António Ramos Rosa | Utopia – José Afonso

Canção: “Utopia” – José Afonso

7º QP: LIBERDADE

Agradecimento à Corja – Joaquim Pessoa

Letra para um Hino – Manuel Alegre

Cântico Negro – José Régio

8º QC: Venham Mais Cinco / O País Vai de Carrinho – José Afonso

Canção: “Traz Outro Amigo Também” – José Afonso